Era isto. Ela conhecia o meio de fazê-lo tirar a roupa. Se não se submetia a seus desejos, logo cederia. Que fazer? Tinha a mansidão das mulheres que sabem esperar um homem amá-la. E quis. Nunca desejara tanto algo. A ocasião era especial. Conhecera a atração por um gay, casualmente, sem uma provocação da parte de ambos.
Era, sem sombra de dúvida, bela. Adorava praticar esportes e reunia-se todos os sábados com uma turma de amigos às margens do rio da cidade. Jogavam vôlei. Era tudo feito com muita alegria e descontração.
Aproximou-se de um amigo. Foi quando o viu. Nesse momento já soube. Ele era gay. Cumprimentaram-se. João. Ele estava a passeio pelo fim de semana na casa do primo, não o interrogou... Era que falava com espontaneidade do tempo da infância na casa da tia. E não queria outra coisa que não fosse vir por mais dias.
Veio. Saíram à noitinha após um jogo. Não a sós. Com todos os amigos. Divertiram-se com aquele ar de quem não tem o que fazer no dia seguinte.
Ela resolveu ir ao banheiro fugindo das amigas, quase, pensando em ir embora.
E com o coração aos pulos, viu-o chegar. Embriagado. Completamente. Não soube bem o que lhe aconteceu. Esforçou-se para não olhar para o pênis dele, consciente de saber que ele entrara no banheiro por engano. Talvez.
_ João...
Ele, porém, era só atenção no ato. E quando percebeu que era observado, retraiu-se. E saiu sem dizer nada.
Nervosa, ela caminhou por entre os amigos, ia de um a outro e não conseguia permanecer nas conversas. _ Onde ele estaria? E mais nervosa ficou quando o viu conversar com o primo dele. Gesticulava.
Reuniu coragem. Caminhou até eles.
_ Vocês vão ficar até de manhã?
_ Gente! Acho que tenho de ir ali. _ Disse o primo de João.
Ela não tinha medo de seus desejos. Conhecia-se o suficiente para temer estar querendo algo que se recriminasse depois. Era uma mulher aberta, com audácia e iniciativas. Queria-o. uma questão de sedução, pensou. Atraí-lo, conquistá-lo, para que também a desejasse. Tinha material para isso. Era vira, e como! Encontrava um gozo interior em sentir-se em princípio de estar com um gay. Um gay. Fez planos mentais e rápidos do que poderia haver entre eles. E chegou mais perto, calma, chamando-o pelo nome.
_ João!
Ele deu um discreto sorriso.
Chamou-o novamente.
- João!
Ele a olhou. Ficaram em silêncio. Dir-se-ia que estavam se conhecendo.
Pareceu haver um arrepio na pele deles. Ouviu-se os sons dos passos caminhando e, sem mesmo sem se saber para onde, eles seguiram a rua.
Ganharam a praça. Estava deserta. Percebeu-se os vultos sentados num banco e, depois, afastaram-se caminhando em direção a um bar. Entraram, compraram uma garrafa de bebida e saíram. Ouviu-se os passos perdidos, na exatidão de quem conversa e para ouvir a voz do outro.
Num dado momento, ele parou. Dúvida? Venceu algo que ela disse. Continuaram.
Já por volta de umas dez quadras, eles entraram numa casa. Ela tinha a chave.
João estava misterioso e calado. No quarto, na penumbra, havia uma grande cama de casal e foi escorrendo para ela, sem sentir direito o que fazia. Esticou um dos braços em busca de um travesseiro. Tomou nas mãos um corpo, agasalhou-se como pôde, e, mesmo sem saber de quem era, passou a mão carinhosamente.
Estremeceu. Os seios eram dois melões enormes. Circunvagou o olhar pesado de sono e embriaguez. Não sabia o sentia... Mas uma curiosidade terrível fez com seus lábios os mordicasse. Quis se certificar de que eram verdadeiros. Passou a língua por sobre o contorno. Foi mexendo-se por sobre aquele corpo e chegou ao entrepernas. No íntimo, tinha a certeza de que era um corpo de mulher. Um impulso de parar invadiu-o. Suas mãos, todavia, invadiram a região genital, lascivas e imperiosas. A mulher fizera com que seu membro endurecesse.
Ele estava com muita tesão por ela! E não teve a menor vacilação: tateou o pênis dele e o sugou, lambeu-o e o passou delicadamente nos lábios vaginais: tão demoradamente que sentiu que gozou.
Ela pressentiu que João conservou-se na mesma posição: deitado de costas. Um pensamento de que no outro dia ele não se lembraria de nada, invadiu-a. Fora, ouviu-se o início da chuva. Pouco a pouco, a água batia nas telhas da casa. Ritmada e fina. Foi, quando ela se lembrou que o convidara a pernoitar em sua casa devido à embriaguez dele e com o argumento de que o primo dele iria sair com uma garota, numa fantástica história de que podiam ser ótimos amigos. E não soube se conter de deitar na cama com ele, quando João estava indefeso pela bebida...
E saiu da cama... quando um raio cortava a madrugada, caminhando muito concentrada em manter a decisão de deixar João dormir sozinho. E viu, ainda com desejos, ele levar uma das mãos ao pênis ereto. Não olhou duas vezes. Sacudiu a cabeça e entrou no outro quarto.
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